A Polícia Judiciária, os media, o povo (o mesmo povo que antes batia palmas ao casal McCann...) andam ao sabor das marés. Não param para pensar.

15/09/07

Os McCann NÃO mataram Madeleine.

English version here
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1º Capítulo:

O casal McCann (conjuntamente) NÃO PODE ser responsável pelo desaparecimento da sua filha Madeleine.

(Reprodução proibida do todo ou parte sem expressa autorização do autor.)

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Férias na Praia da Luz

O casal Mccann chegou à pequena aldeia da Luz para um curto período de férias num dos últimos dias de Abril de 2007, juntamente com os três filhos, Madeleine e os gémeos Sean e Amelie. Com eles viajaram alguns amigos e os respectivos filhos.
Foi-lhes distribuído um apartamento com dois quartos num rés-do-chão de um dos blocos do Ocean Club, um pequeno aldeamento a cerca de 500 metros da praia.
No dia 3 de Maio o desaparecimento da pequena Madeleine irá alterar por completo a vida deste casal da classe média alta inglesa.
Durante o jantar, em conjunto com os sete amigos, no restaurante “Tapas”, localizado no centro da pequena urbanização, Kate, a mãe da criança, desloca-se ao apartamento para inspeccionar o sono dos filhos e apercebe-se do desaparecimento de Madeleine, a filha mais velha.
De imediato alerta o grupo de amigos para a ocorrência de um rapto. Kate está segura disso, “a filha não sairia do apartamento pelo seu próprio pé”. Expressão que por diversas vezes utilizou, posteriormente em entrevistas: “...E tenho certeza que ela não saiu andando daquele quarto”. Certeza que só poderia ter caso, efectivamente, tenha sedado a criança, como largamente vem sendo aventado pelos media.
O testemunho mais concreto e próximo dos acontecimentos, que encontrei na imprensa foi o do Director do aldeamento, John Hill (2), que revelou: “o alarme foi dado pouco depois das 22h00”. “Começámos logo a procurar a criança, com a ajuda de hóspedes e de populares. Fizemos buscas no resort, praia, ruas, jardins e até carros. A GNR chegou às 22h45 e os esforços continuaram, mas sem sucesso”
Uma das "provas" apresentadas pela generalidade dos jornalistas contra o casal McCann é a de que estes não terão de imediato avisado a polícia, logo que deram pelo desaparecimento da filha. Anormal seria se o fizessem. O primeiro impulso será sempre o de gritar o nome da criança e procurá-la nas redondezas, alertando toda a gente possível para uma busca num perímetro próximo. Se de cada vez que uma criança não está onde deveria estar, se avisasse a polícia, (a qual irá de imediato fazer exactamente o mesmo; procurar nas imediações antes de mobilizar mais meios), os pobres GNR e PJ nada mais fariam na vida (6).
Kate McCann terá voltado, às 22:00 horas, ao restaurante "Tapas" gritando o desaparecimento da filha. Às 22:20 horas Gerry McCann voltará ao mesmo restaurante pedindo auxílio e avisando o gerente, John Hill, do rapto. Às 22:40 horas um empregado do "Tapas" terá telefonado à GNR; entende-se perfeitamente esta demora por parte do empregado que, dado a gravidade do sucedido e o alarmismo que irá causar entre os residentes, deverá antes ter procurado autorização, junto do responsável pelo aldeamento, para efectuar o telefonema.
Não vejo nada de estranho nestes comportamentos.
Kate e Gerry Mccann são dois jovens médicos com três filhos muito pequenos. Madeleine fez quatro anos a doze de Maio e os gémeos têm apenas dois anos; todas as crianças serão fruto de fertilização in vitro. Imediatamente ressalta o facto de as três crianças ficarem sozinhas durante algumas horas, sem a companhia de qualquer adulto, num país estranho, numa casa estranha, enquanto os pais jantam com os amigos, também eles com filhos menores, todos deixados adormecidos nos respectivos apartamentos, sem recurso ao serviço de baby-sitters que poderia ser providenciado pelo aldeamento.
Pensar-se-á que esta prática será um hábito comum em Inglaterra. Contudo, a lei inglesa proíbe explicitamente este tipo de abandono de menores.
É de esperar que o período em que as crianças ficariam adormecidas nos respectivos apartamentos se estendesse para além do jantar, dado que o Ocean Club parece oferecer um serviço de creche até às 23:30h.
A família MacCan não utilizou qualquer destes serviços. Periodicamente, (reclamam os pais), deslocar-se-iam aos diferentes apartamentos para verificar se tudo estava bem. Obviamente que as crianças não adormecem a horas previamente programadas e não se manterão adormecidas por períodos desejados. Logo, é lícito supor que, dado o conhecimento técnico de alguns membros do grupo (Kate, presumo do que li, é médica-anastesista), recorressem ao uso de algum tipo de soporífero, ministrado criteriosamente e em doses certas.
Conquanto tal prática possa ser recriminável, não constitui, por si, nenhum crime grave.
O dia 3 de Maio, de acordo com a investigação policial, decorreu sem qualquer incidente para a família Mccann até cerca das dezoito horas; terão passeado com as crianças, lanchado, frequentado a piscina, deixado, de tarde, as crianças na creche que o aldeamento disponibiliza para os seus clientes; havendo disso testemunhos e provas aparentemente fiáveis.
É no curto período que medeia entre a última aparição pública de toda a família (dezoito horas) e o reaparecimento para jantar com os amigos, (cerca das vinte horas e trinta minutos), que todo o drama se irá desenrolar; será nesse período que, de acordo com as teses correntes, algo de grave terá acontecido a Madeleine, tendo os pais optado por encenar um pretenso rapto, escondendo algures o cadáver da filha.

Em menos de três horas os Mccann vão ter que matar a filha, combinar uma estratégia comum e fazer desaparecer o corpo da criança. É obra!

Que acontecimentos tão deploráveis poderão levar alguém a tentar encobri-los enveredando por praticar um acto grave, socialmente condenável e humanamente ignominioso – a encenação de um rapto e a ocultação de um cadáver?
Optar por esconder o cadáver de uma filha de tenra idade não é propriamente um acto que se tome de ânimo leve. Que outra acção tão mais condenável fora cometida pelos pais que os leva a tão drástica atitude? É corrente a tese de que os Mccann terão exagerado na dose de soporífero ministrada à criança e que esta terá morrido acidentalmente por overdose. Uma overdose de soporíferos só poderá ser fatal se administrada em doses muitíssimo elevadas.
Os Mccann, para além de médicos, conhecedores de técnicas de primeiros socorros e reanimação, capazes de reconhecer os sinais de um estado de agonia, não são propriamente pessoas incultas e desconhecedoras das consequências jurídicas de uma morte por acidente sem dolo evidente. Obviamente que perante tal situação e após a ineficácia de uma reanimação imediata optariam por recorrer aos outros médicos do seu grupo de amigos e, em ultima instância, ao serviço publico de emergência médica.
Um erro na quantidade de soporífero – eventualmente – aplicado à criança, conquanto condenável, não é nada de tão dramático ao ponto de se enveredar por uma via tão desumana, tão sinuosa e de resultados finais tão imprevisíveis, sobretudo para quem não conhece a topografia dos terrenos vizinhos e tem de esconder um cadáver, de forma tão definitiva que este não possa ser encontrado, nos dias seguintes, durante a inevitável busca minuciosa que, a seu pedido, se irá desencadear.
O motivo e a possibilidade
Imaginemos pois algo de realmente escabroso que possa justificar tal acto:
Uma orgia sexual, inadvertidamente presenciada pela criança que leve os indignados pais ou terceiros a empurrar Madeleine contra a quina de uma mesa? Pois... mas orgias dessas ás seis da tarde?
Fardos de droga escondidos na despensa? Rituais Satânicos? Extraterrestres? Uma tareia com consequências trágicas?
Seja o que for que possa ter acontecido, tudo se desenrolou em total silêncio. Nenhuma criança chorou mais alto, nenhum dos pais gritou desesperado. A vizinha do andar de cima, (que na noite anterior se apercebeu do choro de Madeleine), nada ouviu que a pudesse ter alertado.
Sejamos lógicos. Entre as seis da tarde e as oito da noite, nada de tão inconfessável pode acontecer. Os McCann não tinham motivo para esconder o corpo da filha se esta tivesse efectivamente morrido neste espaço de tempo e caso a morte se ficasse a dever a um acto ocasional não doloso.
O motivo mais forte que poderia levar os McCann a ocultar o cadáver da filha, seria sobretudo o medo de que a autópsia pudesse revelar algo mais que eventuais resíduos de sedativos no organismo da criança. Se assumirmos que o receio dos McCann seria a descoberta de sedativos no corpo da criança, então, teremos também de admitir que a decisão de esconder o cadáver, só poderá acontecer depois de ministrado o soporífero. Se a morte acontecesse antes, devido a um qualquer acidente, não teriam de recorrer a tal expediente. Isso limita bastante o tempo útil para esconder o cadáver.
Muito embora, se esta apenas revelasse a presença de soporíferos, os McCann seriam apenas acusados de homicídio por negligência e sairiam de Portugal muito provavelmente com uma pena suspensa por dois anos.
Para lá disso, apenas me ocorre a hipótese de abuso sexual ou espancamento. Não vejo qualquer delas como provável; teria havido antecedentes e a criança denotaria inevitavelmente, algum tipo de sofrimento e tristeza na expressão das suas fotos conhecidas, estas, são todas inquestionavelmente de uma criança feliz e despreocupada.
Após algum alarido inicial da imprensa inglesa, (se a criança morresse tendo como causa directa excesso de sedativos), o caso seria rapidamente esquecido e tudo voltaria à normalidade. Provavelmente Kate McCann começaria a visitar regularmente um psiquiatra devido à perda da filha e, alguns familiares, amigos e colegas condenariam os McCann pela sua atitude imprópria. Valeria a pena correr todos os riscos e praticar actos tão abomináveis como aqueles que pretensamente terão cometido? Claro que não.
Obviamente que o medo de virem a perder a custódia dos gémeos é um factor a considerar. No entanto, isso não os levaria, em vez da absurda hipótese de ocultação do cadáver, a procurar ocultar o abandono deliberado das crianças durante o jantar?
Decerto que os McCann poderiam, logo após uma eventual morte, ter telefonado a amigos ingleses que os aconselhariam a, simplesmente, assumir uma morte por negligência.
Foram efectivamente negligentes, disso não há qualquer dúvida, contudo e apesar de tudo, não perderam após o seu regresso a Inglaterra, a custódia de Sean e Amelie.
Analisemos os factos friamente como o teriam feito os McCann se efectivamente tivessem morto a filha: “Nas horas mais próximas e sem levantar suspeitas, vai-nos ser muito difícil ocultar com segurança o cadáver de Madeleine, até porque ainda é de dia e os nossos amigos nos esperam às 20:30 horas para jantar. Deixemos Madeleine na cama mais umas horas, como se estivesse adormecida e durante a noite, calmamente, escondemos Madeleine algures. Até porque não nos convém nada dar o alarme durante o jantar, pois de imediato, a polícia e a opinião pública nos acusarão de pais desleixados.
Além disso, durante o jantar, não vamos ter possibilidade de combinar as horas e os passos que demos, para que tudo bata certo.
De manhã, abrimos a janela do quarto, para que um falso raptor tivesse por onde entrar e faremos todo o nosso teatro”.

Contudo, embora não tendo motivo porque homicídio por negligência não dá prisão (muito menos se forem turistas e Ingleses com algum estatuto...), teriam os McCann a possibilidade física de levar a cabo, ao final da tarde, a macabra tarefa de ocultação do cadáver?
Cruzando as diferentes informações disponíveis elaborei cronologicamente a lista dos acontecimentos, segundo as declarações conhecidas da família McCann e amigos:
18:00 H. - O casal McCann vai buscar os filhos à creche do Oceano Clube (1) .
18:30 H. - Gerry deixa a família no apartamento e vai jogar tennis.
19:30 H. - As três crianças vão para a cama. ( O ocaso, nesse dia 3 de Maio deu-se cerca das 20:30 horas)
20:30 H. - O casal McCann chega ao restaurante “Tapas”.
Tudo o que se passa antes e depois, quem sai e quem entra, quem dá o alarme, quem fica, quem bebe, é totalmente irrelevante neste momento. Só são importantes as duas balizas: 18:00 horas, o último momento em que Madeleine estava comprovadamente viva (a fazer fé nos testemunhos e nas provas existentes) e 20:30 horas, momento em que o casal entra no restaurante e fica sem qualquer possibilidade de ainda vir a consumar o hediondo acto de ocultação do cadáver da criança.
O "filme" dos acontecimentos
É apenas durante este período de tempo que tudo pode ter acontecido. Tudo o resto é acessório para inculpar ou não o casal McCann pela morte e posterior ocultação do cadáver da filha. Nestas duas horas e meia os McCann vão ter que matar a filha, decidir o que fazer, combinar como agir e que dizer mais tarde e... ocultar o cadáver. Vejamos se tal é possível, mesmo “apressando” todos os passos inevitáveis:
18:00 H. - O casal McCann vai buscar os filhos à creche do Oceano Clube.
18:05 H. - O casal entra no apartamento com os 3 filhos.
18:15 H. - Um ou ambos os pais McCann ministram soporífero às crianças. Madeleine recebe uma dose tripla.
18:30 H. - Após os elementares cuidados de higiene, alguma alimentação e o vestir dos pijamas de dormir, as três crianças são deitadas nas camas. (note-se que estou a antecipar uma hora em relação ao que realmente terá acontecido, para “ter tempo para tudo o que se segue”. É pouco credível que os pais dessem tão cedo o medicamento às crianças. Conhecedores do tempo de reacção este seria ministrado por forma a que o seu efeito se fizesse sentir tão perto quanto possível da hora de saída do casal e garantir assim o máximo de “horas úteis de sono”).
18:40 H. - Madeleine entra em agonia, (os pais não se aperceberão imediatamente do drama pois isso levaria a que iniciassem os necessários procedimentos de primeiros socorros, conseguindo muito provavelmente recuperar a criança).
18:45 H. - Madeleine morre. Não detenho conhecimentos suficientes para garantir que a morte de uma criança possa ocorrer desta forma e neste período de tempo, mas como ainda temos (salvo seja) de enterrar o cadáver, tudo tem de ocorrer em passo de corrida.
18:50 H. - Os pais concordam pacificamente e sem alarido que o melhor é simular um rapto e enterrar algures o corpo da filha.
19:00 H. - Como estão limitados no tempo e desconhecem a envolvente do aldeamento para imaginarem onde esconder o cadáver de forma segura, (à prova de cães e peritos em buscas), optam pelo enterramento da filha no único local simultaneamente acessível e seguro: a praia, que dista do apartamento uns meros 500 metros.
19:15 H. - Depois de vasculhado todo o apartamento, conseguem – com alguma sorte – encontrar um saco plástico suficientemente grande para conter o pequeno cadáver (o saco é imprescindível para despistar durante alguns dias os cães farejadores) e um utensílio para ajudar a escavação, (provavelmente uma das pás de brincar na areia de uma das crianças).
19:30 H. - Com a criança morta ao colo, corajosamente e sem nunca ser visto por ninguém a uma hora de algum movimento, ainda em pleno dia, Gerry McCainn chega à praia. (Não deverá ter usado o carrinho de bebé de transporte dos gémeos porque isso fá-lo-ia levar mais tempo). Esta tarefa não deve obviamente ter sido desempenhada por Kate, é necessário escavar bastante e rapidamente...
19:40 H. - Deambulando um pouco pela praia, tentando perceber os movimentos das pessoas e à procura de uma zona mais esconsa, menos movimentada e apropriada aos seus propósitos, Gerry, acabando por a encontrar, pousa o corpo da filha na areia e começa a escavar.
(Antes de escrever este capítulo fui fazer o mesmo. Procurei escavar em areia seca um buraco com aproximadamente 1 metro de comprimento, por 40 centímetros de largura e 50 de profundidade, com o auxílio de uma pequena pá. É difícil, muito difícil, mesmo para quem o faz despreocupadamente como eu o fiz, sem ter de estar constantemente a observar a possível aproximação de um estranho e procurando não fazer ruídos em demasia.
A partir das primeiras escavadelas comecei a notar que o ponto onde apoiava os joelhos se esboroava para dentro do buraco, tornando quase inútil o meu esforço. Ao fim de cerca de 15 minutos, todo metido dentro do buraco a escavar freneticamente, desisti porque achei que estava ali a fazer um valente papel de idiota...
Um corpo enterrado na areia, encerrado num saco plástico, (fora dele seria imediatamente descoberto pelos cães), passados os primeiros dias, começará a inchar devido à acumulação de gases. Isso criaria à superfície da cova uma estranha bolha na areia. Além disso, se em qualquer momento, alguém pisoteasse a cova, esta cederia de forma perfeitamente perceptível.
Escavar o mesmo buraco em areia ligeiramente molhada, parece-me à partida, ser mais fácil, contudo isso acarreta o risco inevitável das ondas poderem a curto prazo destapar o cadáver).
20:00 H. - Um ser desesperado consegue fazer milagres; Gerry consegue finalmente escavar o seu buraco. Tem agora de colocar a filha no saco plástico com todo o cuidado, para que não fiquem nele gravadas as suas impressões digitais, depositar o corpo, encher o buraco de areia, espalhar a areia excedente pelas redondezas para que de manhã nada se note e disfarçar o local do enterramento o melhor possível.
20:15 H. - Com o coração pequenino, cansado e debaixo de algum stress, Gerry chega ao apartamento.
20: 25 H. - Devidamente lavado e removidos todos os resíduos de areia, vestido e com um sorriso de dever cumprido nos lábios, Gerry e a esposa abandonam o apartamento.
20:30 H. - Começa a escurecer, nesse momento está a acontecer o pôr-do-Sol. O casal McCann chega ao restaurante “Tapas”.
Upsss... falta combinar o que vão dizer e fazer nas próximas horas. Bom, mas isso não tem importância. Agora é hora de estar com os amigos, beber uns copos e soltar alguns risos...
Não sejamos ridículos, toda esta cronologia é inverosímil. Kate e Gerry McCann não tiveram possibilidade física de levar a cabo tal tarefa em tão curto espaço de tempo.
Quer se pense que os McCann tenham morto a filha inadvertida ou deliberadamente, ambos não teriam a possibilidade física de esconder eficazmente o cadáver da filha.

Outras possibilidades
Podem entretanto contrapor-se algumas outras possibilidades: ter havido a colaboração de um ou mais elementos do grupo de amigos na ocultação do cadáver; o corpo da menina não ter sido enterrado na areia da praia; todo o grupo estar conluiado no desaparecimento da criança; os pais terem voluntariamente entregue a criança para adopção...
Vejamos então a eventualidade de um dos amigos do casal ter ajudado em todo o processo. Em que é que isso pode alterar o filme dos acontecimentos? A ajuda do amigo tornaria a ocultação mais fácil? Se olharmos para a delirante cronologia que elaborei, a ajuda de um amigo só pode ser relevante em dois momentos:
1 - Na obtenção de um saco plástico de grandes dimensões e, ou, na obtenção de um utensílio para escavar.
2 – No acto de cavar o buraco para depositar o corpo.
Obviamente que duas pessoas revezando-se ou em conjunto conseguirão cavar uma sepultura mais rapidamente. Assim dos 20 minutos que destinei a esse trabalho, ganharíamos possivelmente 10 minutos. Como é que isso altera significativamente a impossibilidade final de todo o filme dos acontecimentos? Devo ainda dizer que a participação de um terceiro elemento tornar-se-ia perturbador no momento de tomar decisões. Mais uma opinião atrasa consideravelmente todo o processo. O mesmo raciocínio é válido na íntegra para a participação de mais um ou dois elementos do grupo.
Quanto à possibilidade de os 9 amigos estarem conluiados em todo o processo de desaparecimento de Madeleine, é de todas as possibilidades a mais fácil de desmontar: a ser assim toda a encenação e o momento da “descoberta” do desaparecimento da criança, seria marcada para uma altura totalmente diferente, (muito provavelmente para o dia seguinte, na hora de uma pequena sesta após o almoço, em que as crianças ficariam no apartamento a descansar e os pais, inocentemente, se entretinham a bebericar água mineral na piscina em frente ao apartamento...). Todos sabiam que o detalhe de abandonar e sedar os filhos viria, mais tarde ou mais cedo, a ser descoberto e seria do seu total interesse desviar todas as atenções desse delito menor, mas censurável.
A mesma linha de raciocínio é válida para os pais, caso estes desejassem simular um rapto para ocultar o facto de terem entregue a criança viva a um estranho. Neste caso, o casal também montaria todo o cenário para uma hora completamente diferente que lhes permitisse, esconder dos investigadores, o seu pecadilho secreto de abandonar e, eventualmente, sedar crianças. Dando ainda, desta forma, tempo suficiente para que o seu cúmplice se afastasse, com a criança, para muito mais longe do local do crime.
Analisemos, finalmente, a possibilidade de escolha de outro local, que não a praia, para a ocultação do cadáver.
Para além da praia, existem alguns outros locais possíveis:
Terrenos em via de serem calcetados. Algumas ruas de Praia da Luz estavam em obras, em trabalhos de calcetamento, com vários buracos a céu aberto.
Alguns poços existentes na localidade.
Contentores de lixo.
Esconder provisoriamente o cadáver no apartamento de um dos restantes casais amigos.
Pedir um carro emprestado e esconder o cadáver numa zona distante.
Excluamos de imediato, carros e casas abandonadas, por todos sabermos que esses são locais básicos de busca. Excluamos também lançar o corpo ao mar, preso a uma pedra, desde o alto de uma falésia. Para além do tempo necessário para atingir um local possível, é muito pouco credível que ninguém presenciasse tão enusitado acto. Inevitavelmente, durante os meses de verão que se seguiram, qualquer mergulhador desportivo, ou as redes das embarcações de pesca, teriam descoberto um corpo tão perto da costa.
Antes de continuar, proponho um pequeno exercício ao leitor: experimente traçar uma circunferência com 1 quilómetro de raio em torno da sua área de habitação, área que muito provavelmente conhecerá bem melhor que os McCann em relação aos arredores do seu aldeamento na Praia da Luz.
Agora imagine um local onde possa esconder o cadáver de uma criança, com um mínimo de certeza de que este não será detectado por equipas de buscadores e binómios da GNR (uma equipa cinotécnica homem/cão).
Continue a pensar... vai ver que é difícil...
Voltemos aos McCann. O pai, antes de mais, não poderá fazer uma sortida exploratória à procura de um local apropriado. Não tem tempo para isso. Ou já sabe onde esconder o cadáver, ou terá de colocar a filha ao colo e partir à descoberta... Um poço? Geralmente, os poços que se encontram fora de propriedades privadas fechadas, estão protegidos precisamente contra a eventualidade de acidentes. Fechados com uma grade de ferro ou uma tampa de cimento. Os poços abertos encontram-se geralmente nos campos de cultivo abandonados. Não conheço bem o local, mas duvido que algum raro poço que possa existir aberto nas redondezas do Ocean Clube não tenha sido minuciosamente vasculhado nos dias imediatos ao desaparecimento de Madeleine. Os pais sabiam que isso iria acontecer; lucidamente jamais escolheriam um poço nas redondezas da casa para depositar o cadáver.
Como todos sabemos, Portugal é um país permanentemente esburacado. A praia da Luz não é excepção. Na altura do desaparecimento de Madeleine, decorriam aí variados trabalhos de pavimentação, colocação de condutas de esgoto, etc.
Imaginemos então que o casal McCann, num dos dias anteriores tropeçara já num desses inúmeros buracos e que, na altura de esconder o cadáver, se lembrou deles. É uma óptima ideia, esconder o corpo num buraco e esperar que os operários o tapem eliminando todos os indícios!
Pois... mas os McCann não teriam acesso ao caderno de encargos nem ao plano de obras. Não saberiam se aquele buraco era para tapar no dia seguinte, escavar, ou ficar parado à espera dos cabos telefónicos. Um buraco de obras é uma incógnita permanente, um mistério maior que o desaparecimento de uma criança! Um buraco de obras é uma óptima opção para um operário da construção civil esconder um cadáver, desde que, ele mesmo, esteja destacado para aquela obra. Não para os McCann. Obviamente que na manhã seguinte e nos dias imediatos todos os buracos de obras foram vasculhados e todos os operários estiveram atentos a qualquer volume estranho.
O corpo de Madeleine, estaria muito bem escondido ainda debaixo de uma placa de betão de fundo. Bastava afastar um pouco a betonilha, colocar o corpo, voltar a espalhar o cascalho solto e esperar que a autobetoneira fizesse o seu trabalho.
De novo o mesmo problema: os McCann não tem acesso ao plano da obra... e não sei se foi lançada alguma placa de fundo, nas proximidades do aldeamento, nos dias subsequentes ao desaparecimento de Madeleine. Esta possibilidade apenas a PJ poderá averiguar com clareza.
Um contentor de lixo? Para além da imediata repulsa que qualquer ser humano sentiria em escolher essa opção, os McCann desconheciam quais as medidas preventivas que a GNR e a Polícia Judiciária iriam tomar, bem como a hora e o dia em que o “seu” contentor seria despejado. Um volumoso saco plástico no interior de um contentor seria obviamente objecto de investigação. Os McCann para além do simbolismo desumano do acto, não escolheriam uma opção, obviamente fácil, mas muito pouco segura.
Não sei se a Polícia Judiciária terá dado ordem para que fossem verificados todos os contentores de lixo. Julgo que não. Contudo os McCann não saberiam que tal ordem não iria ser dada.
Já li algures a sugestão, perfeitamente demencial, de que o corpo de Madeleine teria sido esquartejado em pedaços pelos pais, dividido por diversos sacos plásticos e despejado discretamente por diferentes contentores de lixo. Enfim, se enveredarmos por uma linha em que todas as desumanidades são possíveis, esta crónica não fará qualquer sentido porque as “soluções”, então possíveis, são inúmeras.
Os McCann poderiam também optar por esconder, provisoriamente, no apartamento de um dos restantes casais amigos o cadáver de Madeleine.
É uma boa solução que tornaria viável a ocultação do crime. Só gostava de saber porém, que casal se prestaria a isso, mesmo que de algum modo tivesse a sua quota-parte de culpa na morte da criança.
Não apenas por passar a óbvio cúmplice de um crime; por dormir com um cadáver em casa; mas, sobretudo, por ficar sujeito a que qualquer polícia mais apressado, decidisse na própria noite do rapto, procurar a criança nos apartamentos dos amigos... A falar verdade, duvido que tal não tenha sido feito, de forma mais ou menos detalhada.
Obviamente que pensariam logo no passo seguinte: amanhã esta zona vai estar enxameada de polícias; todos nós estaremos sujeitos a interrogatórios e enfrentaremos uma forte notoriedade. Como e quando teremos uma oportunidade segura para retirar o cadáver do apartamento?
Os McCann, ao chamarem sobre si os holofotes dos média, sabem que “nenhuma pedra ficará por levantar”. Sabem que a sua filha é uma criança linda que suscitará emoções e mobilizará toda a aldeia numa busca palmo-a-palmo. Não poderiam jamais arriscar um esconderijo tão obviamente inconveniente e precário.
Resta-lhes pedir um carro emprestado e esconder o cadáver da filha numa zona distante. Mas onde? Os McCann mal conhecem a Praia da Luz, é a primeira vez que visitam o Algarve. Jamais guiaram um carro nas estradas da região. Pedem ajuda ao dono do carro! Este sim conhecedor da região, não se vai importar nada em os auxiliar na ocultação do cadáver da filha; prontifica-se mesmo a procurar (ou conhece de antemão) um sítio perfeitamente seguro. Obviamente que o prestável condutor não poderá ser nenhum dos 7 amigos do casal, sem conhecimentos da zona envolvente e provavelmente sem qualquer carro alugado para poder efectuar o macabro transporte.
Atenção! Olhemos de novo para a minha delirante cronologia. Partindo do princípio que o dono do carro estava já de plantão à porta do apartamento e aliciá-lo não demorou um tempo significativo, o carro com o cadáver de Madeleine arrancará de perto do apartamento às 19:30 horas tendo, inexoravelmente, de estar de volta às 20:15 horas. Descontando o tempo necessário para, sair do carro, transportar e ocultar o cadáver no local escolhido, (digamos que 15 minutos chegarão para estes actos todos), restam-nos 30 minutos para efectuar os dois trajectos (ida e volta). A uma velocidade média de 90 km. horários, o corpo estaria depositado a uma distância de 22 quilómetros do Ocean Clube. Torna-se muito difícil encontrar o cadáver nestas condições, tenho de admitir, embora o raio do semicírculo definido inicialmente para as buscas, pela GNR, fosse de 15 quilómetros... Tão difícil como alguém engolir mais esta história delirante que acabo de escrever...
Por mais voltas que se dê, o que ressalta de tudo o que atrás fica dito é a impossibilidade de os McCann em tão curto espaço de tempo, inesperadamente e sem qualquer anterior preparação, esconderem com êxito total, o cadáver de Madeleine num país que lhes é perfeitamente desconhecido. Em pleno dia. Sem nunca serem vistos por ninguém, nem levantarem qualquer suspeita.
Ocultar o cadáver da filha sem ser possível descortinar um crime tão grave que os leve a arriscar uma empreitada tão imprópria, com consequências possivelmente devastadoras. Que crime tão nefando terão cometido os McCann que lhes terá impulsionado a montar todo este monumental circo para o ocultar?

Conclusão
Ambos, de comum acordo, não puderam executar nenhum crime grave. Individualmente e sem o conhecimento do outro, já será diferente. Ambos tiveram a oportunidade (aquando da respectiva sortida para inspeccionar o sono dos filhos) de franquear a porta de casa a alguém, que levaria a criança viva para qualquer lugar seguro. Disso tratarei mais à frente em lugar próprio, embora, algumas linhas mais abaixo nesta página, (dado o histerismo do que vou lendo na imprensa contra Kate), eu antecipe desde já a impossibilidade de esta ser culpada.
Assim, se as provas testemunhais e documentais, na posse da Polícia Judiciária, demonstrarem de forma irrefutável que Madeleine McCann estava viva no dia 3 de Maio de 2007, mais concretamente pelas seis horas da tarde desse mesmo dia, o casal Gerry e Kate McCann, conjuntamente, dificilmente poderão ser incriminados da morte da filha. Provavelmente apenas o serão de abandono negligente de menor e, eventualmente (se disso se vier a obter provas), de uso indevido de sedativos em menor.
As 3 provas (conhecidas) de que Madeleine estava viva no dia 3 de Maio são:
1 – Foto tirada na piscina do aldeamento em que as duas irmãs e o pai molham os pés na água. Segundo os McCann e a data impressa na foto (que não consegui ver), esta terá sido tirado no dia do crime pelas 14:29 horas.
2 – Segundo a imprensa, os McCann terão estado nesse dia numa esplanada e que essa estada terá sido gravada pelas câmaras de vídeo vigilância do estabelecimento. (1)
3 – Madeleine terá estado na creche do aldeamento na tarde desse dia 3. Disso deverá existir provas testemunhais e documentais.
(Espero que a Polícia Judiciária tenha feito o "trabalho de casa" e despistado a possibilidade destas provas, e ou outras que possua, de que Madeleine estava viva e na companhia dos pais, no dia 3 de Maio, são válidas.
É fácil alterar a data de uma foto numa câmara digital; o dono do Restaurante Paraíso pode estar a confundir o dia em que os McCann, realmente, lá estiveram; as funcionárias da creche, caso esta não tenha um livro de registros de entrada das crianças, podem estar a confundir a data, ou esta ter-lhes sido sugestionada).
Quanto à participação no crime de um dos McCann, sem o conhecimento do outro, antes de explicar melhor em capítulo próprio, as possibilidades de tal ter ocorrido, não quero deixar de demonstrar desde já que Kate, tão visada tanto pela Polícia Judiciária quanto pelos media e pelo povo, NÃO pode ser culpada da morte ou da entrega da filha a terceiros!
Eu explico. Haveria duas possibilidades de algo ter acontecido quando Kate foi a casa, durante o jantar, verificar o sono dos filhos: ter voluntária ou involuntariamente morto a criança, ou tê-la entregue a alguém que a levou para parte desconhecida.
Vejamos a primeira hipótese: Kate mata a filha e decide ocultar o cadáver.
Kate esteve ausente do jantar por um período razoavelmente curto; nada consta que se tenha ausentado mais de 10 ou 15 minutos. Alguém em seu perfeito juízo acredita que, nesse espaço de tempo, teria a mais pequena possibilidade de esconder um corpo, em local que nas horas imediatas não fosse descoberto por populares, bombeiros, GNR, protecção civil, Polícia Marítima, 8 cães de busca da GNR, 6 patrulhas a cavalo, vários membros de uma associação privada, (a Equipa Canina de Resgate do Algarve), Cruz Vermelha, Polícia Judiciária, e populares naturais da aldeia (profundos conhecedores de todos os possíveis esconderijos), que a seu insistente pedido iniciaram de imediato as buscas na zona periférica à vivenda?
Não foi possível, não seria jamais possível. Além de que ninguém teria o sangue-frio e tamanha certeza, de que o esconderijo do corpo não seria descoberto.
Segunda hipótese: morta ou viva, Madeleine foi levada do apartamento por um cúmplice de Kate. Muito bem, se tal acontecesse porque havia de ser ela a dar o alarme e arriscar-se a não ser suficientemente convincente "na sua dor"?
Limitar-se-ia a voltar calmamente ao restaurante Tapas, afirmar que os filhos dormiam tranquilamente e continuar o jantar. Passados 20 minutos, lembraria ao marido que era a vez dele ir ver se tudo continuava bem. Deixando-lhe a funesta descoberta. Gerry, de volta ao restaurante, expressaria - genuinamente - toda a sua dor pelo misterioso desaparecimento da filha. Ao agir deste modo, Kate estaria a dar ao seu cúmplice uma margem de tempo reconfortante, que permitiriam ao raptor distanciar-se uns bons 30 quilómetros antes de Gerry poder dar o alarme.
O crime não seria cometido pelo primeiro a dar o alarme. A haver um culpado, entre o casal McCann, este não pode ser Kate. (Sobre as horas que antecederam a descoberta do desaparecimento, ver abaixo a nota Nº 7. A sua veracidade é muito duvidosa e, provavelmente, nada terá acontecido dessa maneira; muitas das deslocações dos diversos amigos terão sido inventadas para justificar preocupação com o sono das crianças. De qualquer forma essas incongruências não serão importantes, nem farão parte de qualquer plano para ocultar o desaparecimento de Madeleine).
Contrariando aquela que parece ser a opinião da Polícia Judiciária, Kate McCann sai deste meu primeiro capítulo, virtualmente ilibada de qualquer crime. O que não impede contudo que Kate McCann, não saiba (ou intua), o que aconteceu na realidade à sua filha Madeleine...
Transcrevo, finalmente, um curto texto do blog de Bruno Sena Martins que expressa bem o que penso sobre os McCann e todo este aberrante histeria. Pessoalmente, receio que venhamos a ter aqui uma moderna versão de "Honra perdida de Katarina Blum", a vitimização conspirativa de uma polícia que não consegue descobrir os raptores, associada ao festim mediático, que mais do que mães dolorosas deseja mães criminosas com todo o dolo do mundo, (ainda, finalmente, de uma região turística a quem muito desagradará a possibilidade de existirem pedófilos à solta, caçando crianças estrangeiras e para quem uns pais culpados, mas contra quem não se conseguem provas conclusivas, serve às mil maravilhas):
Esta hipótese é, apesar de tudo, a que mais me impressiona: os pais, inocentes, depois de verem a filha partir para destino incerto e depois de terem concitado todos os esforços possíveis e imaginários, vêem-se agora abandonados pela população que passa das lágrimas solidárias aos apupos, vêem-se abandonados pelas polícias que mudam o rumo da investigação e os passam a ter primordialmente com arguídos, vêem-se abandonados pelas figuras públicas e pelo Papa que prontamente se demarcam, vêem-se abandonados pela imprensa que os retrata como monstros manipuladores. O que se passa é que paulatinamente estão a ser acusados por toda a vivalma de terem deixado a filha morrer, de a terem escondido e, finalmente, de terem montado um circo de solidariedade como manobra de dissuasão (a notícia da Sky News sobre o DNA no carro, pouco importa que seja falsa, vai-lhes cortar o elo com a solidariedade do nacionalismo inglês). Que isto possa estar a acontecer com aqueles pais, é sem dúvida, o cenário que mais me angustia. É contraditório, mas quase desejo que aqueles pais sejam culpados para não estarem inocentes a sofrer tudo isto.”
(...) "A não ser que apareça Maddie com os seus raptores, numa história suja mas limpa de ambiguidades, a suspeita pairará sempre sobre os McCann, porque esta é a natureza deste tipo de espectáculo, onde ninguém sai ileso e não há reparação possível". (Jornal Público)

A intervenção da polícia de investigaçao criminal
Não quero terminar este primeiro capítulo sem lembrar a actuação da Polícia Judiciária. Ao afirmarem que, desde o primeiro momento, não descartaram a hipótese de morte de Madeleine e que nunca “embarcaram” totalmente na tese do rapto, permitem-me poder afirmar então que cometeram vários erros técnicos muito graves: não isolaram de imediato o apartamento do crime, colocando a família McCann noutro alojamento; não retiraram amostras ao sangue dos gémeos nas horas imediatas ao desaparecimento da irmã; não efectuaram atempadamente (pelo menos que seja de conhecimento público) uma perícia ao primeiro carro alugado pelos McCann logo após o desaparecimento da filha; não procederam a uma reconstituição do crime nos dias imediatos, enquanto todos os amigos do casal se encontravam presentes e a suas memórias se encontravam frescas. As batidas organizadas no terreno foram efectuadas ao contrário, (os raios foram alargados de 5 para 15, até 40 km, quando deveria ter sido ao invés de 40 para 15 (9), Etc. Etc. (cerca de 8 importantes erros mais).
Mas o mais grave erro técnico cometido tanto pela Polícia Judiciária como pela GNR foi o de terem iniciado as investigações e as buscas logo após a família McCann ter dado o alarme: para todas as crianças portuguesas desaparecidas as buscas só se iniciam 48 horas após o seu desaparecimento. O caso do jovem Rui Pedro não pode deixar de ser lembrado aqui.
Sinto-me, por este último “erro técnico”, aviltado e diminuído nos meus direitos de cidadão português.
Seguramente que o principal objectivo desta investigação, deverá ser o de encontrar Madeleine. Tudo o resto virá como acréscimo e seguirá a sua ordem natural. É errado procurar um culpado, antes mesmo de se conhecer que tipo de crime foi efectivamente cometido.
O facto de todas as atenções estarem, neste momento, voltadas para o casal McCann, apontando-os como culpados, pode ser benéfico para a descoberta de Madeleine: um eventual raptor pode, momentaneamente, baixar a guarda e tornar-se descuidado...

Reconstituição do crime. Os possíveis e lógicos passos do raptor entre o feriado do 1º de Maio e a noite do dia 3.

As opiniões dos leitores

Fotos

(Reprodução proibida do todo ou parte sem expressa autorização do autor.

(1) O proprietário do Restaurante Paraíso, Miguel Matias, na Praia da Luz, afirma que Kate e Gerry estiveram com os filhos no estabelecimento, ao fim da tarde de 3 de Maio. Tanto o proprietário como funcionários relataram (ao DN) os momentos de descontracção e felicidade vividos pela família. Segundo Miguel Matias, Madeleine "até dançou com o pai, na esplanada, ao som da música ambiente", tendo, antes de sair, por volta das 18.15/18.20, comido um gelado, que foi escolher à arca frigorífica com Gerry, situada mesmo por baixo das câmaras de filmar do restaurante. Isso mesmo ficou registado nas imagens do sistema de videovigilância.

(2) Considero interessante a notícia publicada a 13 de Maio, pelo Diário de Notícias e da qual nada mais ouvi falar:
"Maddie é a segunda criança raptada num Ocean Club
Concessionário explora o resort há apenas dois meses O actual concessionário inglês do empreendimento da Praia da Luz de onde há nove dias desapareceu Madeleine McCannn - a empresa Mark Warner - foi confrontado, há alguns anos, com o desaparecimento de uma criança, também de nacionalidade britânica, de um dos três empreendimentos turísticos que possui na Grécia. Até hoje, a criança não chegou a aparecer.
O DN sabe que a Mark Warner, administrada por ingleses, conseguiu, em Janeiro e ao fim de um ano de negociações, ficar com a exploração do The Ocean Club, que inclui não só o sector de venda e aluguer de apartamentos como também a área da restauração, piscinas, lazer e serviço de baby-sitting. Os respectivos administradores não se têm, contudo, entendido, sendo constantes as discussões em torno da liderança do projecto. "É tudo muito confuso, ninguém sabe ao certo quem manda no resort, porque toda a gente quer dar ordens, o que cria alguma instabilidade junto do pessoal que ali trabalha", contaram ao DN fontes ligadas ao aldeamento, manifestando consensualmente a sua convicção de que "se trata de gente muito estranha".
Uma situação que reforça a ideia de que eventualmente reside no The Ocean Club a chave do mistério do desaparecimento de Maddie, que ontem fez quatro anos."

Paula Martinheira e José Manuel Oliveira

(6)

PJ divulga 160 casos de crianças desaparecidas em 2006

25 Maio, 2007 - 18:54

A Polícia Judiciária (PJ), no âmbito do Dia Internacional das Crianças Desaparecidas (25 de Maio), divulgou ter recebido, durante o ano passado, 160 participações por desaparecimento de crianças até aos 12 anos, contra 93 casos, em 2005.Segundo a PJ, entre Janeiro e 10 de Maio deste ano, já foram contabilizados 63 registos.
No geral, aquela força de segurança recebeu 1.606 participações de pessoas desaparecidas, em 2006, contra 976, no ano anterior.
Ainda falando em termos gerais, a PJ contabilizou, entre 1 de Janeiro e 10 de Maio passado, 637 participações de desaparecimento de pessoas. Deste número, a PJ garante que se encontram 132 casos em «investigação activa», dos quais 54 se referem a menores de 18 anos.
A PJ aconselha que a «comunicação do desaparecimento às autoridades seja feita imediatamente após se terem frustrado as tentativas de localização baseadas nas rotinas das pessoas».
Além disso, a Polícia Judiciária instiga que «as pessoas mais próximas devem estar atentas a alterações de comportamento e quebra de rotinas» dos menores, sugerindo que entreguem, quando da comunicação do desaparecimento, uma fotografia do desaparecido, «tão actualizada quanto possível», e destaquem «todo e qualquer sinal particular».
Devem, igualmente, detalhar o mais possível «amigos próximos», «prováveis causas de desaparecimento», «locais de repouso ou distracção favoritos», «passatempos preferidos», «interesses pessoais», «roupa que provavelmente vestia e outra que tenha também desaparecido» e «meios de transporte preferencialmente utilizados».

(7)

As horas que antecederam a tragédia, segundo depoimentos recolhidos pelo jornal "24 horas".

A versão dos McCann:
18h00 – O grupo regressa aos apartamentos. Maddie vai comendo um gelado.
19h30 – Kate dá banho a Maddie, veste-lhe o pijama à filha e deita-a ao lado dos gémeos.
20h00 – Kate e Gerry passam meia hora sozinhos. Como o restaurante Tapas fica a 50 metros, dispensam o serviço de amas.
20h30 – O casal junta-se a sete amigos no restaurante.
21h00 – Gerry terá sido o primeiro a voltar ao apartamento. Viu as crianças às 21 h05. E disse que estavam os três a dormir.
21h15 – Jane Tanner diz que ao entrar no bloco de apartamentos vê um homem com algo ao colo, que lhe pareceu uma criança, embrulhada num cobertor.
21h30 – Oldfield levanta-se para ir ver os seus filhos e oferece-se para ir ver os dos McCann. Em vez de entrar no apartamento deles, diz que apenas escutou à porta. O'Brien sai da mesa para ir ver a filha, que está doente, e fica ausente durante 25 minutos.
22h00 – Kate vai observar as crianças. Quanto entra no quarto vê a cama de Maddie vazia. Histérica, corre para o restaurante e grita, segundo uma testemunha: "Eles levaram-na, eles levaram-na". O grupo regressa ao apartamento e verifica cada canto da habitação. O casal apercebe-se de que alguém levou Madeleine.
22h10 – O alarme é dado. Gerry terá ido à recepção pedir para chamarem a polícia e um padre. Como lhe dizem que é muito tarde para chamar um padre, ele corre em direcção à igreja e pelo caminho vai perguntando a quem passa se viram a filha.
22h41 – Esta é a hora que a policia diz que recebeu uma chamada.
23h03 – Dois soldados da GNR chegam ao local e acabam por chamar a Polícia Judiciária.

A versão de um dos amigos presentes ao jantar:
17h30 – Gerry participa num evento de ténis com "mr. Payne, Mr. Oldfield e mr. O'Brien".
18h00 – As crianças jantaram no restaurante Paraíso com os pais. "Os McCann não estiveram presentes".
20h40 – Gerry e Kate McCann só voltaram a ser vistos quando se sentaram na mesa do restaurante Tapas Bar. "O grupo jantou junto, mas nessa noite os McCann foram os primeiros a chegar".
21h00 – Gerry vai ver os miúdos. Sai da mesa às 21h05.
21h15 – Jane Tanner terá visto um homem com uma criança ao colo a afastar-se. "Nunca foi dito que a criança ia enrolada num cobertor. Achamos que Jane viu mesmo a Maddie, pois ela descreveu o pijama da menina".
21h30 – Oldfield ofereceu-se para ir ver os filhos dos McCann, já que ia ver os seus. "Ele foi até ao apartamento dos McCann, mas não entrou e limitou-se a ouvir à porta para ver se havia barulho. Como não ouviu nada achou que tudo estava tudo bem.
22h00 – Kate apareceu aos gritos no restaurante: "Ela chegou desesperada a gritar: 'Madeleine desapareceu... A Madeleine desapareceu".

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(9)

(...) MAU AMADORISMO

O Algarve tem cerca de 300 km de fronteira do espaço Schengen! E o governo de Lisboa é o responsável por qualquer falha! Pois, foi o que não se viu neste caso. Como eu, milhões de ingleses e europeus. A polícia a admitir que foi um crime perfeito que não deixou pistas!
Ainda hoje não sei quem é o responsável da PJ que comanda a operação conjunta, nem se é da Directoria de Faro, Portimão, ou Lisboa (que vocabulário ... directoria é brasileiro). Vi um inspector-chefe falar diariamente aos jornalistas, como porta-voz do núcleo especial de investigação, depois da primeira conferência de imprensa menos feliz do responsável de Faro, Guilhermino da Encarnação. Antes, falou sempre um oficial da GNR, responsável pela segurança da zona e da força que compareceu quando o alerta foi dado, na noite de quinta para sexta-feira (3 para 4 de Maio), algumas horas depois dos pais terem dado pela falta da filha. O pessoal do aparthotel deve ser mais expedito!
Viu-se, também. um sargento da GNR chegar ao posto móvel de comando, junto do Ocean Club, com uma peça de roupa de criança e um papel na mão (não teria envelopes ou sacos de plástico no posto ou no carro?). Tratava-se de uma pista encontrada algures, provavelmente para ser analisada, depois do pó, do sol, do vento e das mãos do portador terem neutralizado odores, impressões digitais e outras pistas!
Nem o lastimável caso da Joana da freguesia de Figueiras serviu de lição!
Mas estou certo que, quando estiver em causa a segurança dos ministros europeus, ou a cerimónia das 7 Maravilhas do Mundo e das 7 Maravilhas de Portugal, no Estádio da Luz em 7 de Julho próximo, as forças policiais vão comportar-se com maior aprumo!
E então, sim, merecerão o louvor público dos membros do governo, do PR e da população.
DE MÉDICO E DE TREINADOR
...Nestes casos, a 'inteligência' acumulada (intercâmbio de dados policiais) é fundamental.
Acho que a PJ deveria ter 'visitado', de imediato, os presumíveis pedófilos e cidadãos com cadastro que se enquadre em redes internacionais suspeitas, com residência em Portugal e, em especial, no Algarve.
As fotogénicas batidas pelos terrenos circundantes (cujos raios foram alargados de 5 para 15, até 40 km, quando deveria ter sido ao invés de 40 para 15 e depois para pormenores mais próximos, mas sem deixar tanta gente e cavalos destruir eventuais pistas) pareciam acções de escoteiros (talvez estes fizessem melhor e alguns marcaram presença mas sem responsabilidade de coordenação).
Marinas e Polícia Marítima foram esquecidas, decidindo esta actuar por sua iniciativa, ao terceiro dia.
As câmaras de Monchique, Vila do Bispo e Aljezur também contribuíram para o 'peditório', com batidas nos terrenos e propriedades isoladas, quando o/s criminoso/s já deveria/m estar longe da cena do rapto.
Meios não são só pessoas. São meios de organização, cooperação e comando! Quando na primeira crónica apontei a falta de meios, pretendi dizer que, por vezes, o excesso de jogadores na grande área do adversário, atrapalha os grandes marcadores de golos! Ali, vi diariamente cenas idênticas e pensei: lá vão mais pistas e odores sendo destruídos!
Homens, cães e cavalos foram aparecendo para as TV terem imagens activas. Como quando os guarda-redes se lançam para o ar para apanhar um remate amador. (...)

Humberto Salvador Ferreira in: http://sagresschool.blogspot.com/2007_05_01_archive.html


Só a brincar...
O primeiro "retrato-robot" do possível raptor de Madeleine...

Analista Zero
...Quem é o meu principal suspeito de ter planeado o rapto? - Porque os indícios e as coincidências são óbvias, o suspeito principal é J..., contudo será muito difícil produzir prova que o incrimine, a menos que a polícia encontre o elo fraco da cadeia - o raptor - se este ainda estiver vivo.






Crónicas de um atoleiro anunciado