O desaparecimento de Madeleine McCann NÃO se deve à acção de um raptor ocasional. Foi um acto pensado e metodicamente executado.
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Crónicas de um atoleiro anunciado
1 - O casal McCann NÃO PODE ser responsável pelo desaparecimento da sua filha Madeleine.
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(Reprodução proibida do todo ou parte sem expressa autorização do autor.)
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O que terá acontecido?
Fundamentou a sua afirmação no facto de os cães Ingleses terem detectado cadaverina em dois locais distintos: no apartamento e junto da Igreja.
Esta afirmação carece de qualquer base científica dado ser impossível garantir que os dois odores detectados, não só pertencem à mesma pessoa, como possam mesmo ser de Madeleine. A informação fornecida pelos cães é insuficiente e fazer uma afirmação de tal gravidade, apenas baseado em factos tão vagos, é no mínimo pouco rigoroso.
Outros afirmam que a criança foi morta ou raptada e transportada ao colo até à praia, porque os cães da GNR terão detectado, no dia seguinte ao desaparecimento da criança, o seu rastro entre os dois locais acima citados.
Uma criança transportada ao colo, deixa no ar o seu odor apenas por alguns minutos. Devido à própria dinâmica do meio, à existência de movimentos causados por brisas, ventos e até a simples passagem de pessoas e automóveis, os odores misturam-se, afastam-se e desaparecem.
Como a própria palavra indica, os cães seguiram o rastro de Madeleine caminhando pela rua. Seguiram o rastro do odor deixado pelas suas passadas e o evidente contacto físico com as pedras da rua. Odor que as impregnou e se manterá activo por mais ou menos tempo consoante diversas situações. Os cães farejadores avançam presos no rastro de focinho no chão, não no ar.
O que os cães seguiram foi o rastro de uma criança viva, caminhando pelo seu próprio pé. E nem sequer poderemos saber em que sentido foi feita essa caminhada. Se do apartamento para a praia, se da praia para o apartamento.
Se alguma coisa esse rastro de Madeleine prova, é que ela estava viva quando deixou aquele trilho. Precisamente o contrário do que é afirmado.
1 – Um aldeamento estará entre os locais menos convidativos a cometer um crime deste tipo. O criminoso desconhecerá quais as medidas de segurança e vigilância do local, ou a possível existência de guardas; sentir-se-á ainda espartilhado pela existência de muros e vedações, para além da inconveniente presença constante de clientes e empregados.
2 – Um eventual raptor, em princípio, desconheceria a peculiaridade do casal McCann de deixar os filhos abandonados em casa, sem qualquer protecção e provavelmente sedados. Decerto não diria para si próprio “ vou raptar aquela miúda porque os pais, daqui a nada, vão para a borga e deixam-na sozinha em casa...”
3 – Todos se estão a esquecer da grande e apetitosa recompensa. Os vários milhões de libras oferecidas a quem levar à descoberta de Madeleine, já há muito teriam suscitado a cupidez de alguém próximo do raptor que soubesse, ou minimamente desconfiasse, que este cometera o crime.
Se Madeleine está viva, o seu raptor neste momento estará talvez a imaginar uma maneira segura de “deitar mão” à recompensa, sem que seja descoberto o seu envolvimento no rapto. Como a posse da pequena Madeleine “queima” muito, o cativeiro de Madeleine viva só poderá estar a ser perpetrado por um criminoso solitário e com o conhecimento de pouquíssimas pessoas. De outra forma já alguém o teria denunciado na mira dos milhões de libras em jogo. Se a criança foi morta por se tornar um “produto” impossível de comercializar, foi-o igualmente por um indivíduo solitário; caso houvesse mais elementos a conhecer o local em que se encontra o corpo, decerto já teria havido traições. O prémio é demasiado tentador e aguçaria a cupidez de qualquer cúmplice menor.
Este é o único caso que conheço em que os pais conseguiram reunir uma avultada recompensa, a entregar a quem leve à descoberta da criança. Geralmente e infelizmente, muitos dos raptos que acontecem em Portugal, não só não são divulgados pelos media, como não merecem das nossas polícias a atenção que a este vem sendo dispensada.
Dos casos conhecidos de raptos de crianças, não conheço UM ÚNICO, (pessoalmente não considero terminado o caso Joana) que tenha sido resolvido pelas nossas polícias de investigação criminal. Em rodapé transcrevo um texto interessante, publicado pelo jornal Portugal Diário, que julgo merecer alguma reflexão (4).
Da consulta ao site findmadeleine, não consegui recolher um dado que considero importante: o prémio destina-se a quem descobrir Madeleine viva? Ou caso Madeleine esteja morta, o prémio será ainda pago a quem descobrir o corpo da criança? Julgo essa omissão premeditada; uma forma de evitar que a criança seja irremediavelmente morta.
Oferecer uma tão gorda recompensa, também tem os seus lados perversos. Até mesmo junto dos investigadores da Polícia Judiciária. Talvez volte a falar disso mais à frente. Contudo a recompensa, pode ser determinante neste mistério. Creio mesmo que irá ser. Por detrás de cada movimento que se esteja a dar em torno de Madeleine, estes milhões de libras vão estar sempre presentes.
No bom e no mau sentido. Um raptor, que por exemplo, mantenha Madeleine em cativeiro não pode arriscar o mais pequeno descuido.
Um qualquer mandante do crime jamais terá um momento de sossego.
Há uma pressão tremenda à volta de Madeleine. Uma pressão que pode estoirar a qualquer instante.
Analisemos e listemos então, à luz do nosso conhecimento comum e a partir dos casos que vão acontecendo, os tipos de raptores conhecidos (5):
1 – Raptor-pedófilo.
2 – Raptor cuja motivação é a obtenção de um resgate.
3 – Raptor que pretende reaver um filho que não se encontra sobre a sua tutela.
4 – Raptor que pretende uma criança para ser criada como seu filho.
5 – Raptor integrado numa rede de tráfico de crianças para fins pedófilos.
6 – Raptor integrado numa rede de tráfico de crianças para tráfico de órgãos humanos.
7 – Raptor que executa uma encomenda específica.
8 – Rapto por vingança.
9 – Raptor amador. Alguém que conhece quem pagará muito dinheiro por uma criança do tipo de Madeleine e que sente ser-lhe possível comsumar o rapto com alguma segurança.
10 – Vulgar ladrão que, entrando no apartamento em busca de objectos valiosos, opta por raptar a criança.
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O resort Ocean Club, vista aérea.
1 - Bloco de apartamentos em que se encontravam os McCann.
2 - Restaurante "Tapas".
(clique na foto para ampliar)
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As probabilidades do crime
Vou então tentar tipificar cada um dos casos, procurando dar a cada um deles, de acordo com as probabilidades de ter executado o rapto de Madeleine McCann, uma nota que poderá variar entre 0 e 10.
Comecemos pelos graus de probabilidade mais baixos:
6 - Raptor integrado numa rede de tráfico de crianças para tráfico de órgãos humanos.
Probabilidade: 0
A menos que Madeleine pertença a um grupo de pessoas com alguma qualidade biológica muito rara, que torne muito valiosa a obtenção de um qualquer órgão seu, nenhum raptor iria arriscar o crime quando, infelizmente, tanto a América do Sul, quanto a Africa e Ásia oferecem dadores forçados de órgãos; jovens e crianças oriundas de classes desfavorecidas e incapazes de movimentar seja quem for contra a crueldade que contra eles se pratica.
Um rapto na Europa movimenta sempre grandes investigações policiais; o risco é excessivo e inútil.
3 – Raptor que pretende reaver um filho que não se encontra sobre a sua tutela.
Probabilidade: 0
A menos que Gerry McCann não seja o pai biológico de Madeleine, este tipo de rapto, obviamente, não se aplica.
4 – Raptor que pretende uma criança para ser criada como seu filho.
Probabilidade: 0 a 2
Quando alguém procura roubar uma criança e “adoptá-la” como se esta fosse seu filho legítimo, procurará sempre que esta tenha tão pouca idade quanto possível. No caso Madeleine, um raptor deste tipo teria obviamente escolhido a irmã mais nova.
Por todas as razões. Desde logo porque seria mais dócil e ofereceria menos resistência ao rapto. Seria mais fácil de transportar. Esqueceria muito mais rapidamente a sua relação anterior com os pais biológicos.
A menos que o raptor tivesse qualquer fixação especial muito específica em Madeleine, não me parece haver qualquer razão para um raptor deste tipo optar por Madeleine, em detrimento de Amelie.
2 - Raptor cuja motivação é a obtenção de um resgate.
Probabilidade: 0 a 2
Um criminoso deste tipo, começa sempre por avisar os pais de que não devem fazer alarido ou avisar a polícia. Telefona ou deixa de imediato uma nota avisando-os disso mesmo.
Nada disso aconteceu no caso Madeleine. A menos que o raptor se tenha esquecido de trazer consigo uma caneta ou não tivesse saldo no telemóvel, não vejo qualquer possibilidade de ter sido este o caso. Aplica-se ainda, caso o objectivo do rapto fosse o de exercer chantagem.
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Continuemos. A próxima categoria de raptores vai ser dividida em diferentes tipos, dois dos quais analisarei seguidamente:
5a – Raptor ocasional integrado numa rede de tráfico de crianças para fins pedófilos, viajando de carro.
Probabilidade: 0 a 2
Um raptor ocasional em busca de uma criança com determinadas características semelhantes às de Madeleine, procurando uma oportunidade de consumar o acto e levar a criança para um qualquer local da Europa ou África, JAMAIS escolheria a Praia da Luz. Esta encontra-se no lado oposto da fronteira com Espanha, a uma distância pouco segura para atingir território espanhol, antes de ser dado o alarme. Este tipo de raptor confinaria a sua actividade às zonas balneares entre Vila Real de Santo António e Faro, onde, certamente, teria a oportunidade de se cruzar com milhares de outras Madeleines.
Há ainda a possibilidade de, o mesmo raptor, estar na Praia da Luz na mesma altura que os McCann, apenas em descanso, muito próximo, ou mesmo no Ocean Clube, e com contacto visual com o átrio de entrada do apartamento dos McCann desde a janela do seu próprio apartamento. Esta é uma possibilidade real e será tratada mais à frente nos casos de maior probabilidade.
5b – Raptor ocasional integrado numa rede de tráfico de crianças para fins pedófilos, viajando de barco de recreio.
Probabilidade: 0 a 2
O que fica dito acima, aplica-se igualmente para este tipo de raptor. Igualmente terá de percorrer uma distância maior até Africa ou Espanha, igualmente teria preferido uma marina mais perto de Espanha. Com uma agravante: qualquer barco que saia de uma marina, tem de comunicar ao porto qual a hora de saída, o seu destino e o número de pessoas que leva a bordo (embora possa facilmente mentir sobre o número de passageiros). Além disso o serviço de rastreio de costa, localizado no topo da serra de Monchique, sabe perfeitamente quais as embarcações que navegam, a qualquer momento, nos mares do Algarve. A única aparente vantagem de uma embarcação de recreio, é a de possuir uma cabine onde facilmente se pode esconder provisoriamente uma criança.
A menos que, tal como no tipo anterior, estivesse de férias e aproveitasse a oportunidade inesperada, hipótese que tratarei mais à frente.
10 – Vulgar ladrão que, entrando no apartamento em busca de objectos valiosos, opta por raptar a criança.
Probabilidade: 0 a 3
O Ocean Clube, tal como muitos outros aldeamentos do género, é alvo de diversos roubos ao longo do período estival. Pequenos ladrões que procuram sobretudo computadores portáteis, máquinas fotográficas, relógios... poder-se-ia dar o caso de o apartamento dos McCann ser objecto de uma sortida do género.
Raptar uma criança é um crime grave e os receptadores deste tipo de “mercadoria” não são facilmente acessíveis; estes ladrões “pilha-galinhas” dificilmente poderiam, não só ter acesso a um desses receptadores, como possuir conhecimentos e meios para reter em cativeiro uma criança até à sua entrega.
Perante o alarido que imediatamente se gerou em torno de Madeleine, certamente ficariam na posse de um “produto não-comercializável”, pelo que se limitariam a largar a criança nos dias imediatos.
O “pilha-galinhas” é um ladrão que conhece bem o local e sabe furtar-se aos diversos esquemas de segurança, pelo que teria mais possibilidade de êxito que um raptor ocasional em invadir o apartamento dos McCann.
9 – Raptor amador. Alguém que conhece quem pagará muito dinheiro por uma criança do tipo de Madeleine e que sente ser-lhe possível consumar o rapto com alguma segurança.
Probabilidade: 0 a 3
O que fica dito para o exemplo anterior é igualmente válido para este tipo de raptor. O "ruído" que os McCann de imediato provocaram e a grande divulgação internacional do retrato da criança, fizeram com que nenhum eventual receptador aceitasse receber Madeleine.
De novo, o raptor procuraria de imediato livrar-se da incómoda criança.
Este tipo de raptor configura normalmente alguém que trabalha no local, ou muito próximo de um funcionário da manutenção, segurança ou limpezas. Daí ter um pouco mais de possibilidades de êxito em invadir um apartamento determinado.
1 – Raptor-pedófilo que ocasionalmente sente atracção por determinada criança e pratica um rapto de oportunidade.
Probabilidade: 0 a 3
É conhecido o “modus-operandis” comum dos pedófilos. Começam por vigiar os movimentos da criança e seus acompanhantes; insinuam-se, sempre que lhes é possível junto da vítima; oferecem guloseimas, etc.
Espera o momento certo para dar o bote.
O pedófilo (uma dupla (3), ou um casal de pedófilos, porque também os há) não arriscaria as necessárias horas de vigilância junto à casa dos McCann para apreender o esquema – muito próprio – de deitar as crianças e ir jantar com os amigos, deixando as crianças entregues a si próprias.
O pedófilo necessitaria de, pelo menos, durante o dia anterior ter seguido os McCann até ao apartamento. Ficar por ali até que estes saíssem, constatando que ninguém mais entrara entretanto para ficar com as crianças, nem que estas tinham sido levadas para outro dos apartamentos dos amigos para dormir na companhia dos outros bebés.
Teria ainda de esperar para ver o que se seguiria e de quanto tempo dispunha no intervalo de cada inspecção que os pais faziam aos filhos.
Um adulto solitário que por ali se encontrasse tantas horas teria sido certamente motivo de estranheza. (Maio é ainda um mês de pouco movimento na aldeia e notar-se-ia facilmente, um indíviduo de plantão perto de apartamentos turísticos)
Finalmente, teria de descobrir uma forma de invadir o apartamento sem ruído nem despertar suspeitas e sem qualquer certeza de que alguma janela ficaria entreaberta e acessível. (Muito embora a porta da rua ficasse aparentemente apenas “no trinco”, isso não quer dizer que esta se abrisse sem recurso a chave ou arrombamento). Os testes efectuados pela Polícia Judiciária às persianas do quarto das crianças, concluiu que "estas não tinham qualquer sinal de arrombamento e a estarem abertas foram-no seguramente pelo interior do apartamento".
Finalmente, voltando ao nosso raptor, este sabia que ainda teria de transportar a criança até ao seu carro ou apartamento de férias, (supostamente teria de ir preparado para adormecer a criança com algum inalante, para que esta se deixasse transportar docilmente. Não é suposto que tivesse conhecimento do - possível - hábito dos pais em sedar as crianças); transportar uma criança (em pijama) sem ser visto nem levantar suspeitas é possível mas não é fácil. Fazer centenas ou milhares de quilómetros com uma criança em pijama na mala do carro é um risco que após a rápida publicitação do rapto, teria fortes possibilidades de dar errado.
Um pedófilo que ocasionalmente avistasse uma criança que lhe despertasse a atenção, só teria fortes probabilidades de êxito se estivesse hospedado muito próximo, ou mesmo no Ocean Clube, e com contacto visual com o átrio de entrada do apartamento dos McCann desde a janela do seu próprio apartamento. Esta sim, é uma possibilidade real e será também tratada mais à frente, nos casos de maior probabilidade.
Um raptor que executa uma encomenda específica.
5c – Raptor integrado numa rede de tráfico de crianças para fins pedófilos, em férias e alojado no Ocean Club ou nas suas imediações.
Probabilidade: 5 a 7
Um criminoso está sempre atento a uma oportunidade. De alguma forma, desde a janela do seu apartamento, apercebeu-se que a família da pequena Madeleine, alojada no apartamento de rés-do-chão visível desde sua casa, tinha um comportamento peculiar: saía para jantar deixando as crianças sozinhas no apartamento. Não lhe seria difícil aperceber-se disso, bastavam-lhe algumas horas de vigia à janela. Tal como não lhe terá sido difícil perceber o padrão de comportamento dos pais e os seus regressos ocasionais para vigiar o sono dos filhos. Teve alguns dias para estabelecer um padrão comportamental dos pais.
Calmamente esboça um plano de rapto. Não tem pressa. O método de invasão do apartamento dos McCann, (possivelmente ter-se-á aproximado do apartamento e testado as janelas e a porta antes de consumar o rapto), o plano de fuga, os contactos com os receptadores e o local onde entregaria a sua preciosa carga...
Não parece difícil que venha a ter sucesso na operação.
Começará, durante o dia por limpar quaisquer vestígios seus no apartamento e colocar todos os seus pertences no carro, preparando o espaço na bagageira onde esconderá a criança.
Imaginemos então o nosso raptor já com a menina nos braços, convenientemente sedada por si (independentemente de os pais o terem anteriormente feito ou não) e dirigindo-se para o seu carro, que decerto estaria estacionado num local previamente escolhido, tão acessível quanto possível. Colocaria a criança no banco traseiro (não arriscaria colocá-la de imediato na bagageira, o que, a ser visto por alguém, seria considerado um acto estranhíssimo) e partiria para uma longa viagem, parando algures para manietar devidamente a criança e colocá-la no seu esconderijo definitivo.
Tudo simples e eficiente, sem precipitações nem nervosismos de amador.
Então porquê apenas nota 5 a 7?
Porque os investigadores da Polícia Judiciária, rotineiramente, começariam por procurar o registo de todos os hóspedes dos apartamentos, nas imediações do Ocean Clube, que se tenham ausentado na noite do crime e, pelos vistos, nada de suspeito terão encontrado.
Ainda porque a quase instantânea mediatização do caso e a divulgação maciça das fotos da criança, terá chegado ao receptador antes do raptor. O destino da criança será muito provavelmente o mercado centro-europeu (Bélgica, Alemanha, França ou Holanda) ou o Norte de África. Em qualquer dos casos será uma viagem de carro com inevitáveis paragens para descanso. Não nos esqueçamos que terá de viajar grande parte da primeira noite para ganhar distância do local do crime.
O receptador, muito provavelmente, recusará de imediato uma mercadoria tão “quente” e perigosa, que movimenta, de forma tão assombrosa, a comunicação social de todo o mundo.
Madeleine seria abandonada algures, muito provavelmente morta e o seu cadáver já teria todas as probabilidades de ter sido encontrado.
De qualquer forma, se a Polícia Judiciária não investigou aprofundadamente os clientes dos apartamentos que, perto ou longe, tinham visão directa para o átrio de entrada do apartamento dos McCann, ainda está muito a tempo de o fazer...
Desta possibilidade, que não pode ser descartada, apenas os investigadores poderão ter alguma pista. Decerto que terá chamado a atenção dos residentes na zona e teriam dito isso mesmo à polícia, quando esta por ali andou inquirindo os residentes, se observassem uma auto caravana estacionada mais de 24 horas no mesmo local, tempo mínimo para que o seu ocupante se apercebesse das movimentações dos McCann. Nada consta sobre essa eventualidade.
Por norma, os auto caravanistas estacionam junto à costa e por períodos de poucas horas, ou mesmo apenas pelo período nocturno. Não “acampam” nos parques de estacionamento de zonas residenciais.
Poder-se-á ainda contrapor que o raptor já anteriormente analisado, de passagem pela Praia da Luz mas com o seu barco no porto de Lagos (5b), se encontrava num desses apartamentos com vista para a porta de entrada do apartamento dos McCann, seja porque a cabina do barco não oferecia grandes condições e optara por alugar um apartamento, seja porque uma presumível namorada ou amigo, aí se encontrasse a residir. É possível.
Quanto à primeira hipótese, a de este ter alugado para si um apartamento, perto do Ocean Clube e, depois do rapto, escondesse a criança no barco, voltamos sempre ao mesmo: se de carro levava algum tempo a atingir o ponto de destino, de barco esse tempo seria significativamente maior. De novo a questão da publicidade, em torno da criança, impedir a sua comercialização. De novo o mesmo estorvo de possuir um “produto invendável” de que teria de se livrar rapidamente. A ter acontecido e o corpo ter sido largado no mar, Madeleine jamais será encontrada.
Quanto à segunda possibilidade, a de o raptor estar alojado no apartamento de uma namorada: não seria estranho, para esta, que o homem passasse horas de plantão na janela? Não faria ela mais tarde uma evidente associação? Por razões de pura humanidade, (ou na mira da avultada recompensa), perante um acto que qualquer mulher considerará repulsivo, não teria esta já comunicado o estranho comportamento do amante à polícia?
Bom, isso seria a sorte grande para Madeleine McCann. Se não partisse de imediato com a sua carga, decerto não arriscaria a fazê-lo nos dias seguintes. Bastava que observasse na televisão a movimentação de polícias e as operações de inspecção de viaturas nas estradas, para nem tentar o mais pequeno movimento.
Por cada dia que esperasse, mais difícil lhe seria então transaccionar a sua já não valiosa mercadoria.
Ou ainda por lá está no apartamento a servir de ama à criança, ou há muito se livrou de Madeleine e partiu para longe.
História de sultões e marajás, que pagam fortunas por crianças, é mais uma história das Mil e Uma Noites que Sherazade deixou por contar.
Existem, obviamente, redes organizadas que exploram e prostituem crianças para práticas sexuais.
Aliciam crianças pobres, que a troco de dinheiro, se deixam filmar e fotografar. Não recorrem ao rapto.
Não tenho conhecimento de nenhum filme em que um dos protagonistas seja uma criança objecto de rapto, apesar das diversas polícias criminais, de todo o mundo, confiscarem sistematicamente toneladas de material com cariz pedófilo e jamais terem encontrado qualquer filme em que participe uma criança anteriormente raptada.
Todos os casos resolvidos, de rapto de crianças foram, invariavelmente, perpetrados por indivíduos isolados que jamais se preocuparam em comercializar as suas actividades criminosas, vendendo filmes da sua vítima.
O criminoso que produz pornografia infantil, obviamente faz parte de um grupo organizado: tem de haver quem filme os actos praticados, quem contracene com as crianças, quem as alicie, quem distribua os filmes pelo amplo mercado mundial de tarados...
Essas redes, não necessitam de recorrer ao rapto. Há milhares de crianças em todo o mundo que, devido a carências várias, estão infelizmente prontas a prostituírem-se em troca de alguns trocos.
“O pedófilo não arriscaria as necessárias horas de vigilância junto à casa dos McCann para apreender o esquema – muito próprio – de deitar as crianças e ir jantar com os amigos, deixando as crianças entregues a si próprias.
O pedófilo necessitaria de, pelo menos, durante o dia anterior ter seguido os McCann até ao apartamento. Ficar por ali até que estes saíssem, constatando que ninguém mais entrara entretanto para ficar com as crianças, nem que estas tinham sido levadas para outro dos apartamentos dos amigos para dormir na companhia dos outros bebés.
Teria ainda de esperar para ver o que se seguiria e de quanto tempo dispunha no intervalo de cada inspecção que os pais faziam aos filhos.”
Foi-lhe necessário entender o comportamento e as rotinas dos McCann. Não se parte para o rapto de uma criança – por mais louco que se seja – sem algum conhecimento prévio dos hábitos dos pais, (a criança desapareceu vários dias depois de a família ter chegado à Praia da Luz), o raptor estudou inevitavelmente as idas e vindas da família. Só assim arriscaria entrar no apartamento com a certeza de que sairia impunemente com uma criança nos braços.
Essa vigilância teria de lhe dar várias respostas:
1º Que não haveria nenhum adulto dentro do apartamento que pudesse dar o alarme, reconhecê-lo, ou descrevê-lo mais tarde.
2º Que a criança visada se encontrava, de facto, a dormir naquele apartamento e não noutro. (Havia sempre a possibilidade de se encontrar a dormir juntamente com outras crianças de qualquer um dos amigos, noutro apartamento).
3º Que disporia de um intervalo de tempo mínimo que lhe permitisse abandonar as imediações sem ser visto nem se cruzar de perto com ninguém do grupo de nove amigos.
4º Que tinha meios para entrar no apartamento, rapidamente e sem fazer barulho em arrombamentos, os quais poderiam despertar as crianças levando-as a gritar. (Não perderia tanto tempo, a montar um esquema de invasão e rapto, se não tivesse seguro de que a entrada no apartamento lhe seria acessível. Decerto não estaria dependente da possibilidade remota de uma qualquer janela estar aberta para lhe permitir entrar).
5º Teria de estar preparado para sedar rapidamente Madeleine e, eventualmente, um ou outro irmão que acordasse com a sua presença.
6º Tinha de já ter preparado minimamente o local para onde transportaria a criança e os meios para alcançar esse refúgio. Da análise dos casos conhecidos de raptores pedófilos, não encontrei um só caso, em que o rapto se dê a uma distância muito considerável do local do cativeiro. Este pedófilo reside em Portugal, ou em Espanha a curta distância da fronteira. Não creio que arriscasse o rapto se a sua "lura" fosse algures na Europa central.
Todo este trabalho de vigilância requer alguma paciência e várias horas durante mais do que um dia. Não poderia ser feito por plantão nas proximidades a pé ou dentro de um carro. Seria estranho e a posteriori, alguém se lembraria dele.
Este trabalho só pode ter sido realizado desde a janela de um apartamento que lhe permitisse apreender claramente as idas e vindas dos McCann, as visitas, as inspecções nocturnas...
Ninguém prepara um golpe desta dimensão, sem ter a absoluta certeza de que consegue entrar no apartamento, silenciosamente e sem estar dependente de uma hipotética janela ou porta mal fechada.
A ser assim, o nosso criminoso (e... porque não criminosa?) possui uma cópia das chaves do apartamento (ou de uma hipotética chave-mestra), quer por:
1 – Aí ter estado hospedado recentemente.
2 – Estar conluiado com um funcionário do Ocean Clube.
3 – Ter ele próprio sido (ou ser ainda), funcionário do aldeamento.
Segundo versões coincidentes em diversos jornais, o Ocean Clube teria sido alvo de variados assaltos nos meses que antecederam a chegada dos McCann.
O Jornal The Times, por exemplo, publicou o testemunho de um turista britânico que, em Fevereiro deste ano, passou férias no Ocean Clube, num apartamento localizado a 100 metros daquele de onde Maddie desapareceu. Ian Robertson afirma que o apartamento foi assaltado durante a sua permanência, tendo-lhe sido roubados dois telemóveis, uma câmara de vídeo e dinheiro. Robertson revela ainda que as autoridades policiais não detectaram qualquer sinal de arrombamento e refere que quando foi apresentar queixa à polícia, se encontravam mais duas pessoas do resort a denunciar situações idênticas. Mais tarde, uma senhora que lá estava hospedada contou-lhe que o seu apartamento também tinha sido assaltado.
Conheço bem o funcionamento interno dos resorts deste género e sei que quando acontecem com frequência assaltos deste tipo, estes se devem sobretudo à existência de chaves duplicadas ilegalmente, ou à posse de uma cópia da chave-mestra (quando esta existe).
A primeira medida que geralmente se toma, é a mudança entre diferentes apartamentos do canhão da fechadura.
Existem ainda gangs organizados, que se instalam em aldeamentos deste tipo, por períodos mínimos, procedem à duplicação das chaves, alugam outro apartamento próximo por novo período mínimo e esperam calmamente que os novos ocupantes, daquele onde anteriormente estiveram alojados, se afastem para procederem a uma “limpeza” sistemática. Sucessivamente vão assaltando os apartamentos que antes ocuparam.
Este tipo de actuação é geralmente perpetrado por um duo. Costumam actuar durante a estação alta em que a sua acção passa mais despercebida.
Ainda é de considerar que se o nosso raptor ocupara recentemente o apartamento, (uma coincidência muito feliz), corria o risco de a manutenção do apartamento, ter mudado os canhões da porta. Teria de aí se ter deslocado para verificar se tal eventualidade se dera. Decerto não estaria a preparar tão importante golpe, para vir a deparar com tamanho contratempo.
A ser este o caso, teve a Polícia Judiciária o cuidado em investigar o historial dos ocupantes anteriores do apartamento? Não tenho qualquer possibilidade de o saber, dado o segredo que, obviamente, rodeia o inquérito.
Vejamos agora a hipótese de conluio entre o raptor e um funcionário do Ocean Clube.
A hipótese de conluio parte do princípio que alguém, de dentro do Ocean Clube terá fornecido ao raptor as chaves do apartamento, recebendo (ou não), em troca algum tipo de recompensa.
Após a descoberta do rapto, o cúmplice entenderá facilmente a gravidade do acto e das consequências futuras, para si próprio, se o autor do crime vier a ser descoberto.
Nos casos que agora estão em análise, (pedófilo que pratica o crime para seu próprio gozo), não creio que com pouco dinheiro, lhe venha a ser possível comprar muito tempo tal silêncio.
Finalmente, na boa linha dos romances policiais de “o culpado é o mordomo”, a nossa Polícia Judiciária, certamente terá interrogado demoradamente todo o stuff do Ocean Clube. Pelos vistos, nenhum dos cerca de 400 funcionários denotou um nervosismo comprometedor, fugiu apressadamente abandonando o emprego, ou caiu em alguma contradição grave.
Vejamos a terceira possibilidade: o próprio raptor ter sido funcionário do aldeamento. Muito provável. Muito provável mesmo. No meu cálculo de probabilidades, este é um 10 absoluto
E o apartamento de vigia não pode ser qualquer um! O apartamento dos McCann tem algumas singularidades que não vou aqui enumerar, (por motivos relacionados com a minha própria segurança, obviamente), mas que me permitem garantir, desde já, que são apenas quatro os apartamentos que o raptor pode ter usado, (além de um esconderijo muito plausível e duas garagens individuais) para poder vigiar com certeza suficiente, todos os movimentos naquele determinado apartamento.
Hoje, Domingo 24 de Setembro, desloquei-me à Praia da Luz e tracei as triangulações dos apartamentos possíveis de terem servido de base ao raptor.
O que têm em comum estes 3 exemplos de possíveis raptores?
Primeiro, o facto de não estarem apenas ocasionalmente na Praia da Luz e conhecerem o resort Ocean Clube com algum detalhe.
Depois de tantas análises permito-me finalmente um palpite: este terceiro exemplo de possível raptor, que acabo de descrever, tem todas as hipóteses de ter executado o crime.
Nesse caso, Madeleine estará viva e mantida em cativeiro, muito próximo do local do rapto, provavelmente num quarto interior de um qualquer apartamento na Praia da Luz, ou localidade próxima. Eu aposto 50% dos meus créditos neste pedófilo.
Probabilidade: 0 a 10
Para começo de análise creio ser importante lembrar que, por norma, alguém que pretende vingar-se de outrem emite sinais e ameaças mais ou menos veladas, tipo “vais ver”, “um dia terás a recompensa pelo que me fizeste...”, etc. Pelos vistos os McCann nada temiam, (ou não imaginaram que tal viesse a acontecer), ao ponto de deixarem os filhos totalmente desprotegidos.
Quem procurasse vingar-se dos McCann (não cabe aqui analisar quais os motivos; seria perfeitamente impossível, a alguém que não os próprios, saber quem poderia desejar vingar-se), porque esperaria que estes saíssem de Inglaterra para o fazer? Porque escolheria Madeleine e não Amelie? Como saberia que os McCann vinham de férias, para onde e em que preciso lugar? Como prepararia o golpe se não soubessem já que as crianças ficavam abandonadas em casa? Como pensava assaltar um apartamento cujas seguranças desconhecia? Porque optou por levar uma criança e não se limitou a asfixiá-la até à morte? Como pensava invadir o apartamento sem possuir uma chave, nem saber se a sua localização permitiria o arrombamento sem ser detectado?
A resposta a algumas destas perguntas é evidente e só pode ter uma única resposta: o raptor contou com a ajuda de um cúmplice dentro do grupo dos nove amigos. De outra forma, mesmo um profissional, dificilmente teria acesso a tantas informações.
Comecemos a escalpelizar as diversas interrogações:
Porque esperaria que estes saíssem de Inglaterra para o fazer? Apenas me ocorrem três respostas: seja porque, realizando o rapto em Inglaterra, se tornaria óbvio quem fosse o autor; seja porque o destino final da criança fosse a Europa continental e o raptor temesse que lhe seria difícil abandonar a ilha com a sua carga; seja finalmente, porque o rapto foi executado pelo próprio e não por um criminoso contratado e este temesse ser reconhecido no local.
Porque escolheria Madeleine e não Amelie? E porque optou por levar a criança e não se limitou a asfixiá-la até à morte? Claro que seria muito mais simples levar Amelie. O raptor pretendia aquela criança especifica. Poder-se-á dizer que este teria receio de se enganar nos gémeos e trazer Sean. Bolas! Leva 10 segundos a destapar um deles e verificar se tem pénis ou não! Então porquê Madeleine? Encontro duas razões: a criança foi raptada porque o seu destino é “substituir” uma outra criança semelhante, que o raptor teria perdido por culpa dos McCann, ou porque o raptor, como vingança final, pretende consumar práticas pedófilas com a sua vítima, para de alguma forma, se “compensar” de um acto dos pais de Madeleine.
Esta possibilidade mete muita psicologia, disciplina que não é decididamente o meu forte... De qualquer forma a vingança não visava a morte da criança, pelo menos a curto prazo, dado que, a ser assim, seria óbvio que o crime fosse, de imediato, executado no apartamento.
Como saberia que os McCann vinham de férias, para onde e em que preciso lugar? E como preparariam o golpe se não soubessem já que as crianças ficavam abandonadas em casa?
Como pensavam assaltar um apartamento cujas seguranças desconheciam? Como pensava invadir o apartamento sem possuir uma chave, nem saber se a sua localização permitiria o seu fácil arrombamento?
Mesmo que encomendasse o trabalho a um profissional, este levantaria de imediato algumas reticências. O raptor, por princípio, desconhece o local; este pode ou não ser acessível com relativa facilidade. Num país longínquo; não sabe ainda se lhe será possível entrar com alguma certeza e segurança (imaginemos, por exemplo, que o apartamento dos McCann ficava em frente à recepção, ou que havia um porteiro atento às entradas e saídas dos hóspedes, que o apartamento fosse num terceiro andar e a porta possuísse fechadura de alta segurança, ou o aldeamento possuísse câmaras de vigilância espalhadas pelos corredores...). Ainda mais: sem saber exactamente em que apartamento ficariam alojados os McCann nem como o encontraria no meio de mais de duas centenas de apartamentos iguais.
Sem a participação de um dos membros do grupo dos nove, que forneceria todas as informações necessárias, bem como uma cópia da chave do apartamento, este tipo de rapto não seria possível.
7 – Raptor que executa uma encomenda específica.
Probabilidade: 0 a 10
No caso anterior, arrisquei metade dos meus 100%. Fi-lo, porque não tenho acesso à investigação e não sei se os 4 apartamentos que refiro foram devidamente investigados, bem como o histórico da sua ocupação e a inquirição de todos aqueles, que pudessem a eles ter acesso, naqueles dias que circundaram o desaparecimento de Madeleine.
Se eu conseguisse descartar a possibilidade de algum deles ter servido de ponto de vigia ao nosso raptor, então os meus 100% iriam inteirinhos, sem sombra de dúvida, para a hipótese que falta analisar. Seria a minha opção, mas que não conseguiria vingar. A análise fria das possibilidades, que mais à frente aparecerá, nega essa minha convicção. O raptor que executa uma encomenda, não conseguiria os seus intentos sem a colaboração de alguém dentro do "grupo dos nove". E isso é coisa que ficará demonstrado não ter acontecido.
A minha resposta é simples: julgo que tenho vindo a desenvolver uma escrita baseada na lógica das coisas. Nela não há lugar a sentimentos ou a escolhas prévias de culpados. Não me estou a mover por emoções, mas pelo raciocínio. A razão porque não vejo como o rapto possa ter sido cometido por um pedófilo que, ao ver Madeleine, se “apaixona” pela criança, ao ponto de consumar o acto, é porque, à partida, nada lhe permitiria supor que Madeleine lhe estaria acessível e abandonada em casa.
Não vejo no comportamento quotidiano dos pais, fora do apartamento, qualquer sinal de desleixo ou desatenção para com os filhos, que permitisse ao pedófilo inferir que lhe seria possível chegar ao quarto e raptar a criança.
Não vejo ainda como depreenderia que Madeleine iria estar sozinha com os irmãos sem a vigilância de um adulto.
Foi-me sugerido, que o pedófilo poderia ter visto os McCann a jantar despreocupadamente com os amigos sem a companhia dos filhos, constatando ainda, que uma vez por outra, se dirigiam a casa para inspeccionar o sono das crianças.
Ai sim? E isso prova o quê? Que não estava uma nurse no apartamento? Que os pais não eram extremosos ao ponto de se deslocarem pontualmente a casa para saber se a baby-sitter estava efectivamente perto das crianças?
Qualquer sinal de desleixo, ou desatenção dos pais, levaria o raptor a estar atento e a seguir todos os passos da família, na esperança de uma oportunidade sim, mas de a raptar de um qualquer local em que Madeleine se afastasse demasiado de uns distraídos e descuidados pais.
Não encaixa. Esta “peça” não encaixa no puzzle.
Claro que, ao não ter possibilidade de controlar os passos do inquérito, estou limitado nas minhas conclusões. Decerto que, face à minha linha de raciocínio, algumas averiguações concretas teriam de ser feitas.
Dou dois exemplos apenas para que se compreenda melhor o que quero dizer:
1 – Caso o rapto tenha sido realizado por um pedófilo residente nas imediações, (para ter as vantagens e as possibilidades de sucesso que anteriormente descrevi), o seu passado recente na aldeia da Luz, não seria decerto totalmente inocente. Pequenas insinuações junto de outras crianças, oferta de presentes insignificantes, aproximações...
Eu teria de imediato contactado os professores de escolas infantis e primárias da zona, sugerindo-lhes que perguntassem às crianças qualquer coisa do género: “ Quem já recebeu um chocolate oferecido por um estranho, ponha o dedo no ar!”. Os resultados poderiam ser interessantes. Atenção que "estranho" aqui não se refere exclusivamente ao sexo masculino, pode também tratar-se de uma lésbica-pedófila, que as há e nem serão tão poucas quanto isso.
2 – Na eventualidade de haver um cúmplice no “grupo dos nove”, na noite do crime em que presuntivamente se beberam razoáveis quantidades de vinho, teria o culpado coragem de exagerar na bebida, sabendo que um drama se estava a desenrolar nas suas costas e lhe seria necessário manter alerta todos os seus sentidos?
Eu contactaria separadamente todos os convivas, perguntando-lhes simplesmente “Qual de vós bebeu menos que o habitual nessa noite?”
Se Kate chorasse: é tudo teatro! É culpada.
Mais ou menos rebuscadas, contando às vezes com a colaboração de um ou mais elementos do grupo de amigos do "Tapas"; encontrei, em algumas delas, situações engenhosas para a ocultação provisória do corpo da criança.
Nenhuma contudo procura explicar alguns factos que, caso os McCann tenham praticado um crime de ocultação de cadáver, serão essenciais:
1 – Porque decidiriam os McCann marcar o seu “teatro” de descoberta do rapto da filha para uma hora que os incriminaria de imediato no crime de abandono de menor e, possivelmente, o de aplicação de sedativos às crianças.
2 – Porque não combinaram um discurso perfeito com eventuais cúmplices do grupo “Tapas”.
3 – Porque não forjaram um arrombamento de uma janela.
4 - Porque beberam durante o jantar razoáveis quantidades de vinho sabendo que iriam necessitar de toda a lucidez possível.
5 – Porque esconderam o cadáver em pleno dia, quando teriam toda a noite, após o jantar, para o fazer calmamente e com muito mais cuidado.
direcção menos lógica, atravessando a rua a curta distância do local onde se encontrava
Gerry McCann e Jeremy Wilkins, ouvindo-se distintamente o barulho dos saltos dos seus
sapatos. Mais: caminhando em direcção a um candeeiro de iluminação pública!
do apartamento 5-A, o que lhe facilitaria em muito a fuga com a sua vítima.
Tanner).
Vou ainda responder a 3 perguntas importantes:
candeeiro na esquina da rua?
RESPOSTAS
1. O raptor, quando dentro do apartamento, ouvia distintamente as vozes de Gerry e Wilkins.
Ele sabia, quando saiu do apartamento com a criança nos braços, que os dois homens se
encontravam a conversar perto do apartamento, numa zona pouco movimentada e silenciosa. Sabia que ao passar no topo sa rua, na direcção de um candeeiro de iluminação pública, fazendo barulho com os saltos dos sapatos, teria grandes possibilidades de ser visto por, pelo menos, um dos dois ingleses. Ser-lhe-ia muito mais cómodo fazer o trajecto para poente, contornando a escola infantil, ou fazer o mesmo trajecto pelo outro passeio, junto ao muro, a maior distância do par, afastado do candeeiro e beneficiando do facto da menor inclinação da rua cortar a porção visível do seu corpo. Então porque escolheu esse trajecto? Simples: ostensivamente, ele queria mostar a um dos dois amigos (o verdadeiro mandante do
crime), Gerry McCann ou Jeremy Wilkins, que fora bem sucedido. Qualquer coisa como: - "Já aqui levo a criança, correu tudo bem!" O raptor sabia que este estaria atento e que se colocaria de forma a ser ele apenas a presenciar a sua passagem. Nenhum dos dois contou com o aparecimernto inesperado de Jane Tanner. Estes breves segundos são a chave de todo o trama. Um destes três intervenientes directos (Jane Tanner, J.
Wilkins, G. McCann) está a mentir. Quem mente será directamente responsável pelo crime. a) Porque mentiria Jane Tanner? Decerto não seria para proteger G. McCann pois este, sendo
culpado, corroboria a sua versão. b) Porque mentiria G. McCann? Sendo ele o responsável pelo crime, a versão de Jane servir-lhe-ia às mil maravilhas! Jamais precisaria de a desmentir, mesmo que Wilkins afirmasse que não a vira. c) Porque mentiria Jeremy Wilkins?
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Tudo pode ter acontecido assim!
Crónicas de um atoleiro anunciado
O casal McCann NÃO PODE ser responsável pelo desaparecimento da sua filha Madeleine.
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(Reprodução proibida do todo ou parte sem expressa autorização do autor.)
Alexandra Simões, coordenadora da linha SOS crianças desaparecidas, adiantou ao PortugalDiário que os seis casos estão a ser investigados pela Polícia Judiciária com o apoio do IAC tendo em conta o protocolo estabelecido, que prevê apoio jurídico e psicológico às famílias e às crianças «se aparecerem».
Das seis crianças, cinco são raparigas, duas com três anos e as restantes com 4, 5 e 17 anos. A outra criança alegadamente vítima é um rapaz com 4 anos. «O protocolo estabelecido não me permite revelar mais informações sobre os casos. Há ainda uma sétima criança que está desaparecida e que fugiu de uma instituição. Há suspeitas de que algo semelhante [rapto] possa ter acontecido, no entanto, devido às dúvidas só estas seis estão a ser investigadas», explicou.
O PortugalDiário solicitou à Polícia Judiciária a confirmação destes casos, assim como o porquê de não existir qualquer apelo público para encontrar as crianças, nem qualquer referência na página de pessoas desaparecidas da instituição, mas a Direcção Nacional respondeu que «não considera oportuno» o pedido de informação e, «por isso, indefere-se o requerido». No entanto, a existência dos crimes não é negada.
Fonte da instituição explicou que por «motivos inerentes à investigação, os investigadores podem ter considerado que era mais proveitoso não revelar qualquer informação sobre os raptos». As crianças continuam desaparecidas sem que qualquer dos casos tenha vindo a público.
(5)
Analisando o rapto de crianças dos Estados Unidos,
as seguintes conclusões foram retiradas:´
- Crimes perpetrados por homens (86%)
- Entre as idades de 20 e 39 anos (57%)
- Rapto ocorreu na rua (54%)
- em sua casa, normalmente no quintal (16%)
- O rapto é normalmente levado a cabo para fins sexuais (49%)
- A vítima é assassinada frequentemente (40%)
- Uma pequena percentagem de crianças não é encontrada (4%)
- Em 86% dos casos houve agressão sexual
- Em 53% dos casos o criminoso já tinha antecendentes de crimes relacionados com crianças
- O criminoso é normalmente um homem relativamente jovem, solteiro, branco.
- A vítima é normalmente uma menina de cerca de 10-11 anos.
(8)
Entretanto, sabe-se que a equipa de advogados dos pais de Madeleine está de olhos postos num julgamento nos Estados Unidos que poderá ajudar a rebater a pista revelada pelos cães pisteiros ingleses, relata a imprensa britânica, que cita fontes próximas da família da menina desaparecida. O caso em causa é o de Eugene Zapata, julgamento que decorre em Wisconsin, no qual o marido é dado como suspeito do desaparecimento da mulher. A acusação surgiu após três cães terem assinalado o "cheiro a cadáver" na casa da família de Zapata. Porém, o magistrado colocou em causa a pista e não a validou.
http://q3.aeiou.pt/gen.pl?mode=thread&fokey=ae.stories/6813&va=150183&p=stories&op=view
Surpesas na Net:
A internet está cheia de surpresas. Existe um site, aberto e disponível para quem o quiser visitar, para... pedófilos. O site, abertamente destinado a todos os "boys lovers" e girls lovers" é: http://webbleu.net/ e contém links para inúmeras páginas de teor pedófilo!
...Quem é o meu principal suspeito de ter planeado o rapto? - Porque os indícios e as coincidências são óbvias, o suspeito principal é J..., contudo será muito difícil produzir prova que o incrimine, a menos que a polícia encontre o elo fraco da cadeia - o raptor - se este ainda estiver vivo.